segunda-feira, abril 25, 2011

Lembrar a tropa

Procedi a uma alteração relativa a este meu blog, assim tudo o que escrevi sobre o Comando de Agrupamento 2956 encontra-se agora disponível na minha "homepage Carlos Carepa" de modo a uma mais fácil leitura, convido-vos a visita-la, seguindo o link anterior .

Para quem o desejar poderei enviar por mail, o ficheiro em formato PDF, para o pedir utilizar o meu mail ccarepa.

Aqui vai o link para uma ligação mais rápida: Lembrar a tropa

domingo, abril 10, 2011

Capacidade de adaptação

A chave para a sobrevivência está na capacidade de adaptação, porque "Não são os mais fortes nem os mais inteligentes que sobrevivem. São os que são mais adaptáveis à mudança", afirmou Kasparov, citando Charles Darwin.

O antigo campeão de xadrez proferia uma conferência sobre estratégia na segunda "Leadership Grand Conference", organizada pela University of Porto Business School.

"A adaptabilidade é o que conta mais", afirmou, destacando que o ser bem sucedido enquanto inovador não significa ser bem sucedido como sobrevivente.

Kasparov defendeu também que "não há segredos para o sucesso", porque "a receita é única para cada pessoa", e alertou que "as ferramentas que criaram um problema não o podem resolver".

O conferencista citou também Pablo Picasso, concordando que "os computadores são inúteis, porque apenas conseguem dar respostas".

Confiar na intuição humana, ter capacidade de colocar perguntas, dar mais importância à avaliação do que ao cálculo e não mudar de estratégia a todo o tempo foram outros conselhos dados pelo ex-campeão.

"Estratégia é ter objectivos, não é reagir às adversidades. Estratégia é saber o que fazer quando não há nada para fazer", disse.

Kasparov afirmou que "há ainda uma crise de confiança relativamente a Portugal, uma das mais pequenas economias da zona euro", mas considerou que a actual crise é uma "oportunidade" para o país, desde que esteja disposto a assumir novos desafios.

In Jornal Económico - (10/02/2011)

quinta-feira, março 10, 2011

Os que ficaram

A Região sempre foi marcada por catástrofes cíclicas tendo a sua população, passado pela fome, o medo e mesmo o terror sobrevivendo heroicamente ao longo dos quinhentos anos que levamos de comunidade açoriana.

Ao comemorar-se os 50 anos do Vulcão dos Capelinhos, relembro a população idosa que ficou sozinha no Capelo e Praia do Norte, com poucas esperanças num futuro diferente, mas continuando a lutar pela vida e com uma profunda dor pelo embarque para a América dos seus mais queridos.

Se é certo que mandavam noticias, algumas dólares, fotografias e encomendas, que amainavam as saudades, a solidão, as lágrimas e o caminhar na idade com suas maleitas foram os seus companheiros de todas as horas, dias e anos, viviam com uma esperança, a de verem a chegada, ainda em suas vida, dos seus entes queridos.

Quando vim para o Faial em 1971 era esta a realidade vivida, tinha duas tias na Praia do Norte já idosas como a restante população, o ponto de encontro dos duzentos habitantes em que tinha ficado reduzida população da Freguesia era a missa do Domingo na sua igreja paroquial, lá era visível a situação demográfica, as crianças eram muito poucas, dos restantes praticamente todos tinham os cabelos brancos.

Quando visitávamos a Praia do Norte muitas vezes vi lágrimas nas pessoas que falavam connosco lembravam-se dos seus, nós éramos para eles apenas um catalizador da saudade por na altura sermos jovens como os que embarcaram, por isso nos interrogavam qual o motivo por estarmos com eles e não na América.

Os filhos e netos emigrados voltaram quase todos por várias vezes, sempre por alguns dias, mas no regresso a saudade tornava-se em nova ferida que os acompanhavam nas noites frias e longas do Inverno seguinte, a satisfaçam de saberem que estavam bem e viviam no conforto do modo de vida americano, era o suficiente para continuarem à espera de uma nova visita.

Aos poucos foram morrendo sozinhos, 50 anos depois quero homenagear todos eles, por isso não referencio qualquer nome, para mim estes foram os verdadeiros heróis e vítimas do Vulcão dos Capelinhos.

Os fenómenos vulcânicos visitar-nos-ão novamente, como aconteceu no passado, apenas desejo que sejamos capazes, por vivermos noutras condições económicas e em autonomia politica, de não sacrificarmos novamente à solidão, como nos Capelinhos, os nossos entes queridos e mais idosos.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

O Manel

Era afilhado de Nossa Senhora e como tal ficava muito orgulhoso de falar da sua madrinha de quem tinha um profundo respeito, diria mesmo adoração, todos os anos no dia da padroeira sentia-se na obrigação de levar o seu andor, era o mínimo que podia fazer por ela.

Viveu em união de facto durante anos, até que o padre Júlio um ano, por o Manel não ser casado nem à igreja nem ao civil, lhe censurou este tipo de vida indirectamente, entregando o transporte do andor a outro, foi uma ofensa sem limite. Então resolveu satisfazer a vontade do padre e casou. No ano seguinte foi-lhe novamente facultado a satisfação de levar a madrinha aos ombros, agora sentia-se em paz consigo, mas nunca perdoou ao padre Júlio aquilo que para ele tinha sido uma ofensa pessoal e à sua madrinha.

Muitas vezes me contou a sua vida, que foi a de muitos desta Freguesia de Angústias, nasceu pobre, trabalhou toda a vida na estiva, como pescador, baleeiro e marinheiro, viveu sempre com grandes dificuldades, mas sua palavra que era como uma escritura de honra, nele estava bem vincado o tipo de educação recebida dos pais de quem se lembrava sempre com um profundo respeito mesmo já com idade avançada.

O facto de lhe serem fiança num pequeno levantamento, cumprido sempre escrupulosamente, era traduzido em orgulho pessoal, ou a satisfação de um pedido, mesmo insignificante para quem o satisfazia, logo que atendido, tornava o Manel quase como seu serviçal, tal como aconteceu durante tantos anos para com Ilido Lemos.

Trabalhou no Porto Pim como sapateiro, melhor como gostava de dizer, fazia sapatos à medida, profissão que muito o orgulhava, por lhe ter trazido um pequeno reconhecimento junto da comunidade, comprou o negocio com uma letra assinada pelo pai da Ofélia, por o dono ter ido para a América em busca de melhor vida, pois o oficio estava a chegar ao fim, mas o Manel não teve nunca essa consciência, vivendo dos poucos rendimentos da oficina dos seus sonhos, até ao encerramento da mesma, sempre orgulhoso dos poucos sapatos que ainda fez.

Conheci-o mal cheguei ao Faial em 1971, trabalhava então como marinheiro no Espirito Santo, pequeno barco que no verão ligava as ilhas do grupo central, fui naquele ano levar a bordo a Senhora Beatriz, uma idosa muito nossa amiga que tinha vindo da Terceira conhecer esta ilha, pedi-lhe que olhasse pela senhora Beatriz durante a viagem, ele olhou-me e respondeu: Fique descansado tratarei dela como à minha mãe e assim o fez.

O Manel era alto e forte, quebrou com uma doença em que não lhe deram cura e lá se foi, lembrar o Manel Panas é quase uma obrigação minha, por ele me ter dedicado sempre um respeito e uma amizade especial que muito me sensibilizava e cuja a origem nunca conheci.

segunda-feira, janeiro 10, 2011

A Senhora Beatriz

Hoje em Angra serão poucas as pessoas que se lembraram desta simples senhora, foi para Angra como empregada domestica do Tenente Coronel Carvalho no tempo da II grande guerra.

Natural de Barcelos, de lá saiu em criança para servir aquele militar e acompanhou-o até ao fim da comissão de serviço na Terceira com uma idade a rondar os 40 anos.
Tornou-se conhecida como a Beatriz dos cães, pois andava sempre com vários cães pela trela, fazia criação e vendia-os como forma de rendimento, para alem de voltas e de algumas limpezas domesticas.

Em casa dos meus pais fez amizade por ter vendido uma cadela a que chamamos Laika, ia lá muitas vezes e acompanhou o nosso crescimento, para nós passou a ser um familiar, éramos os seus meninos como gostava de chamar.

Quando vim para o Fayal em 1971, quis conhecer onde passava a viver, pois nunca tinha saído da Ilha, foi a primeira visita que tivemos da Terceira, recebemo-la como um familiar querido, então tinha a minha primeira filha com meses apenas, junto dela passava tempos só a olhar pensando talvez num filho que nunca teve.

Em nossa casa encontrou sempre o calor de uma família que também passou a ser sua, morreu velhinha no Convento de São Gonçalo.

Nunca conheci o seu nome completo, na minha memória será sempre a Senhora Beatriz.

domingo, janeiro 02, 2011

O reinicio

O “Porto Pim” passa a partir de hoje a ter vida própria, será um local onde apresentarei os meus escritos diversos, escritos apenas por prazer.

Porto Pim” será assim um porto de partida das muitas chegadas onde a vida me tem conduzido, espero compartilhar mais esta fase da minha existência com aqueles que ao acaso ou propositadamente por este sitio da blogosfera vão passando.

Porto Pim” não terá uma periodicidade certa mas desde já poderei assegurar uma presença mensal mínima a todos aqueles que visitarem este local de uma beleza mágica na Freguesia das Angustias, Cidade da Horta, Ilha do Faial, Região Autonoma dos Açores.